A presunção de inocência é garantia de todos nós
A autofagia é, segundo o dicionário, o ato de homem, mulher ou animal que nutre se da própria carne. O discurso reacionário e extremista brasileiro vem revelando criaturas desta espécie.
É o trabalhador defendendo o fim dos direitos trabalhistas, gente pobre defendendo projetos políticos com agendas de interesses da classe rica, professores universitários defendendo o enfraquecimento da universidade, defensores da moralidade defendendo nepotismo escancarado em indicações para a embaixada do Tio Sam, gente do PSL querendo “implodir o presidente”...
Aliás, há algo de curioso nessa crise do PSL, o tempo: 9 meses. O tempo de uma gestação. Em 9 meses geraram, nutriram intra corpori, e nasceu o caos! E um dos pais é o Frota!!!
Mas de todas as autofagias políticas, deixemos as garantias jurídicas vivas e saudáveis. Defender o fim de garantias individuais como da presunção de inocência não te fará mais honesto, mais “cidadão de bem”, fará de ti, na realidade, um ser autofágico!
É que para prender antes do trânsito em julgado (fim dos recursos) existem as cautelares (artigo 312 CPP: pela garantia da ordem pública, ordem econômica, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal).
A presunção de inocência é garantia de todos nós. Temos de defendê-la com unhas e dentes, ou as nossas próprias unhas e os nossos próprios dentes serão, inevitavelmente, usados para lacerar nosso próprio corpo.
Que o STF cumpra seu dever de zelar pela constituição federal!