Brasil vive um momento dual, simplificador e reducionista.
Sugiro que tenhamos mais temperança porque a vida não tem a exatidão previsível da matemática.
Na política, o dualismo nos levará à exclusão de alternativas pela falência do pensamento.
Volto a repetir: o debate político do Brasil está doente pela polarização que inibe a reflexão e esteriliza o terreno argumentativo.
Basta uma opinião para ser sentenciado irrecorrivelmente no tribunal da internet.
Não é assim que a vida funciona.
Não é porque se critica alguns excessos do Mercado que o sujeito já é comunista;
Não é porque se discorda de uma fala do Bolsonaro que o sujeito já é Lula;
Não é porque se aponta mazelas do sistema prisional que o sujeito já é a favor da impunidade;
Não é porque se elogia a ação de um Ministro que o sujeito já é governista;
Não é porque se discorda da condenação do Lula que o sujeito já é agente secreto do governo venezuelano;
Não é porque se advoga na área criminal que você já é favorável à impunidade;
Não é porque se critica o excesso de cenas de conteúdo sexual nas TVs que o sujeito é favorável à censura;
Não é porque se reconhece acertos em programas de redistribuição de renda que o sujeito já é contra a livre iniciativa;
Não é porque se compadece da situação de milhões de miseráveis sem renda, trabalho e oportunidades que o sujeito é contra o capitalismo;
Não é porque se admira um político de direita que o sujeito é contra algumas ideias de esquerda;
Não é porque se escreve artigos pensando ingenuamente estar contribuindo com o país que o sujeito já é um idiota porque ninguém está aí para o que se escreve.
Enfim, vamos ser menos julgadores dos outros e mais construtores de nós mesmos. Talvez assim, menos mimados e mais amadurecidos, poderemos enfrentar as verdades desta vida tão complexa e surpreendente.